O delegado Geordan Fontenelle, alvo da Operação Diaphthora, recebeu um carro avaliado em R$ 200 mil e mais dinheiro vivo para beneficiar o ex-governador Silval Barbosa em uma investigação que o servidor era responsável.
Segundo as investigações da Corregedoria da Polícia Civil, o delegado recebeu do ex-governador uma caminhonete Triton Savana em 2022. Para ocultar o patrimônio, o veículo foi transferido para o nome da esposa dele, Letícia Cristina de Souza Araújo.
Além disso, o sobrinho de Silval, Antônio da Cunha Barbosa Neto, esteve na delegacia que Geordan trabalha levando uma mochila preta onde supostamente havia dinheiro de propina. Ao sair da unidade, o homem não estava mais com a mochila.
Na decisão da juíza Paula Tathiana Pinheiro, da 2ª Vara de Peixoto de Azevedo (691 km ao norte de Cuiabá), que determinou a prisão de Geordan e do investigador Marcos Paulo Angeli, o delegado “demonstrou ser uma pessoa que anseia por dinheiro ilícito e se utiliza das atribuições de seu cargo para angariar tais vantagens indevidas”.
Operação Diaphthora
A Corregedoria-Geral da Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou, na manhã desta quarta-feira (17.04), a Operação Diaphthora, para cumprimento de 12 ordens judiciais decretadas em investigações que apuraram um esquema criminoso praticado por um delegado e um investigador de polícia no município de Peixoto de Azevedo.
São cumpridos dois mandados de prisão preventiva, sete de busca e apreensão e três medidas cautelares. Os servidores são investigados pelos crimes de corrupção passiva, associação criminosa, e advocacia administrativa.
As investigações iniciaram após denúncias recebidas no Núcleo de Inteligência da Corregedoria Geral, que apontavam o envolvimento de policiais civis, advogado e garimpeiros da região de Peixoto de Azevedo em situações como a solicitação de vantagens indevidas, advocacia administrativa e ainda o assessoramento de segurança privada pela autoridade policial, caracterizando a formação e uma associação criminosa no município.
Entre os crimes praticados pela associação criminosa, foi demonstrado no inquérito que o delegado e o investigador solicitavam o pagamento de vantagens indevidas para liberação de bens apreendidos, exigiam pagamento de “diárias” para hospedagem de presos no alojamento da delegacia e, ainda, pagamentos mensais sob a condição de decidir sobre procedimentos criminais em trâmite na unidade policial.
Todos os esquemas e acertos levam à conclusão de que existia um verdadeiro “gabinete do crime”.